A ideia inicial
do Projeto "Nessa Aldeia tem História" teve início no projeto intitulado: Prazer em Ler, em 2005, do Instituto C&A, contemplado em seleção pública. Sendo que em 2005 houve a instalação da Biblioteca Infanto-juvenil no CEPAJ, bem como todas as atividades correspondentes ao desenvolvimento e protagonismo literário. O formato atual desse projeto surgiu da necessidade de comemoração dos 30 anos da Aldeia Juvenil agora em 2013, com a temática do protagonismo infanto-juvenil e a literatura, tendo por objetivo a edição das histórias contadas pelas crianças advindas do CEPAJ. O trabalho específico do Projeto "Nessa Aldeia tem História", iniciou-se em uma conversa informal entre
Viviane Teles (CEPAJ) e Elaini Trevisan (MP/GO) durante uma reunião de
articulação com o Programa Bem Educar do Ministério Público. Relatamos da informalidade
da conversar pois não se tratava do ponto de pauta da reunião. A Aldeia Juvenil
apresentou-se com todas as atividades que eram trabalhadas no seu campo de
extensão, correspondente a Sala de Leitura e houve um interesse da Dra. Elaini pelo nosso trabalho, pois ela já
buscava um lugar para que sua filha Maria Fernanda (9 anos) – escritora de 3
livros infantis – pudesse de maneira filantrópica passar sua experiência
literária. Então como já se tratava de uma ação da Aldeia de incentivo ao
protagonismo por meio da Sala de Leitura, abriu-se um diálogo por ambas as
partes – Aldeia Juvenil e Maria Fernanda (escritora), na oportunidade sempre
representada pela sua mãe, para iniciarmos as ações que pudessem unir ambos os
interesses. Esclarecemos que a ideia se transformou neste projeto, cujo
objetivo é promover a inserção cultural das crianças e favorecer o contato com
os valores, costumes e tradições culturais através da Sala de Leitura. Para
além disso, a leitura se constitui num campo fértil para a imaginação,
criatividade e compreensão de mundo, que são características imprescindíveis
para o desenvolvimento infanto-juvenil. A literatura se constitui ainda, num
campo privilegiado de linguagem, proporcionando a participação da criança ou
adolescente em diversas situações de comunicação (oral e escrita, expressão de
ideias, sentimentos, opiniões, preferências, etc.). Com isso, pretendemos
envolver este público no aspecto social, afetivo e cognitivo, dando-lhes
suporte para que desenvolvam suas competências e habilidades com autonomia.
Diante da
possibilidade de executar este projeto, vimos uma oportunidade criativa e
enriquecedora de proporcionar
momentos prazerosos de leitura, valorizando o contato e a troca de ideias entre
as próprias crianças. Em comemoração aos 30 anos da Aldeia, pretendemos ainda,
confeccionar um livro com as crianças que participam dos grupos da sala de
leitura, colocando em foco o protagonismo infanto-juvenil. Para isso, contamos
com a parceria de Maria Fernanda Pires Trevisan (autora mirim) e sua mãe, a
promotora Elaini Cristina Alves Pires Trevisan. A ideia é disseminar a
possibilidade de outras crianças de baixa renda se empoderarem da capacidade de
também se tornarem autoras e ilustradoras de livros infanto-juvenis, e
co-criarem e editarem com Maria Fernanda Pires Trevisan um novo livro. Com a
realização do projeto em curso, serão beneficiadas diversas crianças,
especialmente as de baixa renda, que incentivadas a demonstrar sua capacidade
criativa verão seus sonhos se tornarem realidade,
permitindo a elas novas e melhores expectativas para o futuro, sentindo-se
capazes e cheias de auto-estima – pressupostos do processo de cidadania.
Socializamos o projeto com a equipe de
trabalho do Cepaj para discutir os aspectos de organização. Nessa discussão,
sugerimos a articulação de quatro área: Literatura infanto-juvenil
(dramatizações, contação de histórias), Brinquedos e Brincadeiras (brincadeiras
orientadas e jogos), Música e Artes. Dessa forma, a literatura será trabalhada
através da interação proporcionada pelas diferentes linguagens, valorizando a
metodologia multidisciplinar e envolvendo os demais profissionais: Psicologia,
Fonoaudiologia, Serviço Social, Pedagogia, Psiconeurologia e Psicomotricidade.
Surgiu ainda dessa reunião, a ideia de que a produção do livro seja toda das
crianças, inclusive a apresentação, que será o reconto da história da Aldeia
escrita e ilustrada pela autora Maria Fernanda.
Com o apoio e auxílio da equipe,
partimos em busca de parcerias para custear a publicação dos livros
confeccionados pelas crianças. Nos inscrevemos no Prêmio Itaú-Unicef e ainda
estamos aguardando o resultado, também nos reunimos com a coordenadora da
editora Puc-Goiás, Profª Nair. Tivemos todo o suporte e orientação por parte da
Profª Nair, que vem nos orientando com sua experiência em termos logísticos e
editoriais.
A partir do mês de março, apresentamos o
projeto aos grupos de crianças que participam na sala de leitura, apresentamos
a autora mirim Maria Fernanda e iniciamos com as oficinas de escrita e
ilustração. Duas técnicas ficaram responsáveis por auxiliar as crianças nessas
duas oficinas citadas, a pedagoga Karine (escrita) e a Assistente Social Zilma
(ilustração). É importante considerar ainda que contamos com todo o apoio
técnico da equipe durante as reuniões semanais do Cepaj.
As oficinas de
escrita acontecem nas terças e quartas no período matutino e vespertino, cujos
objetivos são: apresentar os diferentes gêneros literários, despertando o
interesse pela leitura-prazer; expandir o repertório de experiências, proporcionando
o contato direto e mediado entre o público infanto-juvenil e a literatura por
meio de atividades oferecidas pelas quatro áreas já citadas anteriormente;
disseminar a possibilidade de outras crianças se empoderarem da capacidade de
também se tornarem autoras e ilustradoras de livros infanto-juvenis. Sendo
assim, desenvolvemos atividades de rodas de leitura e reconto de histórias,
dramatizações, teatro com fantoches e oficina de poesia. Desses momentos, já
foram produzidas cinco histórias: “Aconteceu Comigo” (Carlos Daniel – 11 anos),
“Vida na roça” (Carlos Daniel – 11 anos), “Aventuras no fusca da vovó” (Eliel –
10 anos), “Confusão no jardim” (Diego – 9 anos), “Uma história real” (Jhonatan
– 12 anos).
As oficinas de ilustração acontecem nas
quintas e sextas, respectivamente no período matutino. Para dar a oportunidade
para que todos possam participar dessa oficina, ela também ocorre em quartas
alternadas no período vespertino. Os objetivos são: desenvolver atividades que
favoreçam a cultura da paz, da ética e do respeito. Também pretende-se
trabalhar no sentido de evitar a reprodução da violência por parte de crianças
e/ou adolescentes que já sofreram algum tipo de violação de seus direitos;
conscientizar sobre as preocupações mundiais como a sustentabilidade, direitos
humanos, ética e paz; incentivar e valorizar a criação artística e o universo
lúdico da criança. Sendo assim, desenvolvemos atividades com a intenção de
proporcionar desenhos com materiais variados (canetinha, giz-de-cera, lixa,
pincel, corantes). Da mesma forma, propomos atividades de pintura (pintando com
esponja, com spray, com olhos vendados, com dobradura, massinha), de recorte e
colagem, utilizando materiais diversifcados (papéis de diferentes texturas,
papel reciclado e isopor reutilizado).
Já no mês de
maio, aconteceram pontualmente duas oficinas de ilustração, sendo a primeira
com a autora Maria Fernanda e a segunda com a artista plástica Veramar
(parceira e colaboradora do projeto) e Elaini Trevisan. Na 1ª oficina (10/05)
compareceram 10 crianças e na oportunidade, a autora Mª Fernanda contou a
história de um de seus livros – O monstro Feliz – e explicou para as crianças
como foi o processo de produção de sua história, explorando todo o seu esboço.
Em seguida, fez o sorteio de alguns exemplares autografados entre os
participantes.
Na segunda
oficina (17/05) compareceram 12 crianças. A artista plástica Veramar e Elaini
Trevisan realizou uma atividade de autorretrato, cujo objetivo era que as
crianças se desenhassem como se percebiam. Enquanto acompanhávamos
individualmente cada criança, a Veramar desenhava na lousa as técnicas de
desenhos mangás para ilustrar rostos, cabelos, olhos, bocas e corpos.
Nas semanas
seguintes, dando continuidade a este trabalho descrito acima, tanto nas oficinas
de ilustração quanto de escrita, fizemos uma atividade de autobiografia. Cada
uma das crianças escreveu uma pequena histórias sobre si mesma, de seus gostos
e preferências. E assim, fechamos com as oficinas e damos início a organização
da festa junina do Cepaj e encerramento do semestre.
De modo geral, o que podemos perceber é
que muitas crianças estão bastante motivadas e envolvidas com o projeto.
Entretanto, o que muitas vezes dificulta nosso trabalho é a adesão da família,
uma vez que permite ao filho(a) faltar muitas vezes às oficinas. Consideramos
que a produção desse livro é um processo, portanto, precisa de acompanhamento
contínuo e permanente.
Uma das
preocupações constantes do CEPAJ, como unidade de extensão da PUC Goiás, é
desenvolver propostas de atuação que articulam criança/adolescente e
comunidade. Esse objetivo reflete em seus princípios de trabalho, que apontam
para a comunidade como espaço de desenvolvimento do sujeito em suas diferentes
dimensões – histórica, social, política, cultural e individual (no que se
refere também à sua subjetividade). Para tanto, o CEPAJ consolidou uma
metodologia comunitária, valorizando o contexto em que essa criança/adolescente
insere-se historicamente. Tão logo, com este projeto vemos a necessidade de
promover a formação integral de jovens e adultos para uma ação social crítica e
libertadora, respeitando as diferenças, contribuindo para que as pessoas e
grupos assumam seu protagonismo, criando novos instrumentos de organização para
a transformação social.
O projeto
“Nessa Aldeia tem História” é temporário, com previsão de início e término.
1ª Oficina de ilustração - com a participação da
autora mirim Maria Fernanda Trevisan e sua mãe Elaini Cristina Trevisan
|
Maria Fernanda escritora mirim |
2ª Oficina de
ilustração – com a participação da artista plástica Veramar, mestranda em
Artes/UFG.